“Com uma experiência curta”, o IPO de Lisboa só recentemente começou a utilizar as CAR T cells, razão pela qual o Dr. Nuno Miranda, hematologista no IPO de Lisboa, admite não ser possível fazer “comparações com os resultados de estudos publicados internacionalmente”. Relativamente aos trabalhos divulgados na ASH 2020, o especialista referiu que foram apresentados dados novos que avaliaram a estratégia terapêutica com CAR T cells na área do mieloma múltiplo.
“Mapping the New Era in CLL Management: Precision Medicine and Patient Perspectives in Treatment-Naïve and Relapsed Disease” foi o título de uma sessão educacional, moderada pelo Prof. Doutor John G. Gribben, que decorreu no dia 4 de dezembro, no âmbito da 62nd ASH Annual Meeting and Exposition (ASH 2020).
Texto: Andreia Pereira
“Long-Term Outcomes and Health-Related Quality of Life (HRQoL) By Response Status for Bortezomib, Melphalan, and Prednisone (VMP) ± Daratumumab (DARA) in Alcyone” foi o título de um trabalho, apresentado na ASH 2020, que contou com a participação do Prof. Doutor Paulo Lúcio, hematologista na Fundação Champalimaud. Esta subanálise do estudo Alcyone, conforme explicou o especialista, “relacionou a qualidade de resposta ao tratamento com a sua eficácia a longo prazo e, simultaneamente, com a qualidade de vida dos doentes”. Assista ao vídeo com as declarações do Prof. Doutor Paulo Lúcio.
No rescaldo da reunião anual da American Hematology Society (ASH 2020), a Dr.ª Francesca Pierdomenico, hematologista no IPO de Lisboa, analisou alguns trabalhos e sessões que avaliaram novas possibilidades de tratamento das síndromes mielodisplásicas (SMD) de alto risco e da mielofibrose (MF).
Em jeito de balanço, a Dr.ª Maria Eduarda Couto, interna do 5.º ano de Hematologia Clínica no IPO do Porto, analisou as sessões, integradas no programa científico da ASH 2020, que destacaram as novas possibilidades de tratamento com a utilização de anticorpos bi-específicos em doentes refratários à terapêutica com CAR-T cells.
No rescaldo da sessão “A Map for the Changing Landscape of CLL”, integrada no programa do dia 5 de dezembro na ASH 2020, a Prof.ª Doutora Carolina Moreno, hematologista clínica no Hospital de la Santa Creu i Sant Pau, Barcelona, teve oportunidade de comentar, numa entrevista concedida à News Farma, as últimas novidades no tratamento da leucemia linfocítica crónica (LLC), dando destaque aos inibidores da BTK.
A Dr.ª Cátia Gaspar, hematologista no Hospital CUF Descobertas, em Lisboa, confessa-se uma adepta da utilização dos inibidores da BTK, uma classe de fármacos que, na sua opinião, “alterou o paradigma do tratamento da leucemia linfocítica crónica (LLC)”, além de outras “doenças linfoproliferativas, como o linfoma do manto e a Macroglobulinémia de Waldenström (MW)”. A especialista revela que “ibrutinib (um inibidor da BTK de primeira geração), devido ao facto de ser “menos seletivo, tem uma atividade mais ampla” e, por isso, promove “a inibição de outras cinases além da BTK, expressas em múltiplas células e vias do organismo”. Como a ação deste fármaco não está limitada ao linfócito B damaged”, os estudos de “vida real” têm apresentado efeitos adversos off-target associados a ibrutinib. Alguns destes estudos de “vida real” com ibrutinib estiveram em destaque na reunião anual da ASH 2020, que decorreu de 5 a 8 de dezembro.
Na última edição da ASH 2020, foram apresentados estudos de combinação tripla com acalabrutinib, associado a dois outros agentes, no tratamento da leucemia linfocítica crónica. A Dr.ª Daniela Alves, hematologista no Centro Hospitalar e Universitário Lisboa Norte/Hospital de Santa Maria, comentou os resultados destes ensaios.
Apresentado na ASH 2020 pelo Prof. Doutor Paolo Ghia, o estudo ASCEND comparou o tratamento com acalabrutinib em monoterapia versus idelalisib + rituximab (IdR) ou bendamustina + rituximab (BR), como estratégia de tratamento da leucemia linfocítica crónica (LLC) refratária/em recaída (R/R). Os resultados deste ensaio de fase 3 revelaram que acalabrutinib (um inibidor de segunda geração, seletivo e covalente da BTK) aumentou significativamente a sobrevivência livre de progressão (SLP), por comparação com os regimes de IdR e BR, evidenciando, neste estudo, um perfil de segurança favorável em doentes com LLC em R/R. No seguimento da apresentação deste estudo, registamos, neste artigo, a opinião da Dr.ª Daniela Alves, hematologista no Centro Hospitalar e Universitário Lisboa Norte/Hospital de Santa Maria.
Na 62nd ASH Annual Meeting and Exposition (ASH 2020) foram apresentados 255 trabalhos sobre CAR-T cells, um número inferior ao de 2019 (540), que, provavelmente, e segundo a explicação do Prof. Doutor Manuel Abecasis, será “um reflexo da pandemia” por SARS-CoV-2. Convidado a comentar algumas sessões de interesse incluídas no programa científico da ASH 2020, o hematologista Prof. Doutor Manuel Abecasis elegeu o simpósio conjunto da ASH-EHA, intitulado “Failure of Targeted Cellular Immunotherapy and Hematopoietic Cell Transplant: Mechanisms and Mitigating Strategies”, que focou os resultados mais recentes com as CAR-T cells e os novos avanços na área da terapia celular.
Estudos apresentados na ASH 2020 avaliaram a eficácia da combinação terapêutica de ruxolitinib com outros agentes no tratamento da mielofibrose (MF). O ruxolitinib (o primeiro fármaco da classe dos inibidores JAK1/JAK2) é o tratamento standard da mielofibrose, aprovado com base nos resultados dos estudos COMFORT. Nestes ensaios, ruxolitinib demonstrou ser superior ao placebo (COMFORT-I) e à melhor terapêutica disponível (COMFORT-II) na melhoria dos sintomas constitucionais, da esplenomegalia e da qualidade de vida.
Durante a 62nd ASH Annual Meeting and Exposition (ASH 2020), foram apresentados, sob a forma de poster e comunicação oral, vários trabalhos na área dos linfomas que contaram com a colaboração do IPO de Lisboa. Em declarações à News Farma, a Prof.ª Doutora Maria Gomes da Silva, diretora do Serviço de Hematologia do IPO de Lisboa e coautora em cinco destes trabalhos apresentados, resume os principais achados obtidos nestes estudos.
O IPO do Porto tratou o primeiro doente com CAR-T cells em maio de 2019, tendo, desde essa data, infundido 19 doentes no total: 12 com axicabtagene ciloleucel (axi-cel) e 7 com tisagenlecleucel. Em entrevista à News Farma, o Dr. Sérgio Chacim, hematologista no Serviço de Onco-Hematologia no Instituto Português de Oncologia do Porto, descreveu a experiência deste centro com as CAR (Chimeric Antigen Receptor) -T cells.
Na 62.ª edição da reunião anual da American Society of Hematology (ASH) foram apresentados dados em relação a novas estratégias de tratamento da leucemia mieloide crónica (LMC), nomeadamente a possibilidade de descontinuar a terapêutica com inibidores de tirosina cinase (TKI), tendo em conta o conceito de “Treatment-free remission” na fase crónica de LMC (LMC-FC). A propósito desta temática, a Dr.ª Ana Montalvão, assistente graduada de Hematologia na Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo, em Beja, comentou algumas das novidades sobre esta matéria.
Na 62nd ASH Annual Meeting and Exposition, que decorreu de 5-8 de dezembro, em formato virtual, foram apresentados quatro estudos que sugerem um melhor perfil de segurança a nível cardiovascular dos inibidores da tirosina cinase de Bruton (BTK) de segunda geração, apontando especificamente o exemplo de acalabrutinib. Estes dados foram comentados pela Dr.ª Adriana Roque, hematologista no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), que fez uma revisão de quatro estudos apresentados na ASH 2020.
A Dr.ª Elise A. Chong, do Abramson Cancer Center, Universidade da Pensilvânia, EUA, revelou os resultados de um estudo que comparou as respostas à terapêutica com células CAR-T em doentes com linfoma duplo expressor ou linfoma “double hit”. A apresentação (poster #1213) aconteceu no sábado, dia 5 de dezembro, durante o 62nd ASH Annual Meeting and Exposition (ASH 2020).
Os dois estudos foram apresentados no 62nd ASH Annual Meeting and Exposition (ASH 2020), nos dias 5 e 7 de dezembro, e representam uma nova esperança para os doentes com Policitemia vera resistentes ou intolerantes a hidroxiureia.
O IPO do Porto participou no estudo “Efficacy and Safety of the Panobinostat-Bortezomib-Dexamethasone Combination in Relapsed or Relapsed/Refractory Multiple Myeloma: Results from the Randomized Panorama 3 Study”, apresentado ontem, dia 7, na 62nd ASH Annual Meeting and Exposition (ASH 2020). Em conversa com as News Farma, o Dr. José Mário Mariz, diretor do Serviço de Onco-Hematologia do IPO do Porto, detalhou os resultados deste trabalho que comparou três posologias distintas de panobinostat (em combinação com bortezomib e dexametasona) como estratégia de tratamento do mieloma múltiplo (MM) em recaída/refratário (R/R).
Selecionado para apresentação em formato de poster pela ASH, o trabalho “Acute Myeloid Leukemia with Isocitrate Dehydrogenases (IDH) 1 and 2 Mutations. a Real-World Study from the European IDH Research Group”, que resultou da colaboração de cinco países (Portugal, Áustria, Espanha, Itália e Alemanha), incluiu a participação de cinco centros hospitalares portugueses (CHLC/Hospital dos Capuchos, IPO de Lisboa, CHLN/Hospital de Santa Maria, CHUC e IPO do Porto) e foi liderado pela Prof.ª Doutora Carmo Fonseca do Instituto de Medicina Molecular (IMM) João Lobo Antunes.
Texto: Andreia Pereira
O Centro Hospitalar e Universitário de São João (CHUSJ), no Porto, e a Fundação Champalimaud, em Lisboa, foram as duas instituições que participaram no estudo “First Glimpse on Real-World Efficacy Outcomes for 2000 Patients with Systemic Light Chain Amyloidosis in Europe: A Retrospective Observational Multicenter Study By the European Myeloma Network”. Os resultados deste estudo de colaboração com o European Myeloma Network, que contou com a participação de 10 países europeus, incluindo Portugal, foram ontem, dia 7 de dezembro, apresentados durante a 62nd ASH Annual Meeting and Exposition (ASH 2020). No rescaldo desta apresentação, o Dr. Rui Bergantim, hematologista no CHUSJ, comentou as principais conclusões deste trabalho, em que também colaborou como coautor.
A sessão “Clinical Autologous Transplantation: Autologous Transplantation: Still the Backbone of Modern Myeloma Therapies”, inserida no programa do dia 5 de dezembro da reunião anual da ASH, foi o mote de uma conversa com o Dr. Manuel Neves, hematologista da Fundação Champalimaud, em Lisboa. De acordo com este especialista, o transplante autólogo, apesar da “era dos novos fármacos”, continua a ocupar um papel central no tratamento do mieloma múltiplo (MM) em 2020.
Três novos estudos apresentados no 62nd ASH Annual Meeting and Exposition (ASH 2020), a 5 de dezembro, identificaram doentes hematológicos em maior risco de desenvolverem formas severas de COVID-19 e revelaram o potencial de tratamentos baseados em células T na estimulação da resposta imunitária à infeção.
“Evolution of Outcome over Time for Relapsed Hodgkin Lymphoma after Autologous Stem Cell Transplant: Improved Survival for Early Relapse in Recent Years” é o título de um trabalho europeu que foi, hoje, dia 7 de dezembro, apresentado numa sessão da ASH denominada “Clinical Autologous Transplantation: Building Better Transplant Platforms in Lymphoid Malignancies”. Este trabalho europeu, que incluiu a participação do Centro de Transplante Hematopoiético do Hospital dos Capuchos, em Lisboa, avaliou os outcomes dos doentes com Linfoma de Hodgkin que recaíram após transplante autólogo, considerando um período temporal de 10 anos (2006-2017). Em declarações à News Farma, a Dr.ª Aida Botelho de Sousa, hematologista, e uma das autoras deste trabalho, sintetiza os principais achados deste estudo retrospetivo.
Texto: Andreia Pereira
Decorreu no sábado, dia 5 de dezembro, uma sessão intitulada “A Map for the Changing Landscape of CLL - Live Q&A”, que contou com as intervenções da Dr.ª Jacqueline C. Barrientos (Zucker School of Medicine at Hofstra/Northwell), da Prof.ª Doutora Carol Moreno (Hospital de la Santa Creu i Sant Pau), e do Dr. Anthony R. Mato (Memorial Sloan Kettering Cancer Center). Os três hematologistas debateram os novos avanços no tratamento da leucemia linfocítica crónica (LLC), cujo conhecimento da biologia da doença conduziu ao desenvolvimento de novos agentes dirigidos e imunoterapias.